Ontem, depois de desenhar um monte de estampas para as roupas da empresa em que trabalho, lá fui eu pro caminho autoral. Dia de Madame Manifesto em pleno dia das bruxas, o famoso Halloween. Dia de inventar um quadro ao vivo, um monte de idéias que se confundem, fundem, dançam, uma verdadeira delícia. E nessa não consigo ficar parada, lógico! =)

Desenho com lápis aquarela

Lojas, ruas, pessoas apressadas, metrô, empurrões, mal humor, parece que o mundo não tem tempo pra olhar pro céu. Uma pena. Observo e penso, espero, tou esperando uma pessoa pra lá de especial e pra espera não ficar chata porque a observação não captou nenhum sorriso, resolvi desenhar. Música na orelha, lápis, papel e lá vou eu… De amarelo, sorridente pra vida.

Foi nascendo uma mulher no papel canson com rabiscos de lápis aquarela. Tamanho A4. ?

Desenhando, pensando, esperando… Lembrei do Vinicius de Moraes. Segue o soneto:

SONETO DA ESPERA

Aguardando-te, amor, revejo os dias
Da minha infância já distante, quando
Eu ficava, como hoje, te esperando
Mas sem saber ao certo se virias.

E é bom ficar assim, quieto, lembrando
Ao longo de milhares de poesias
Que te estás sempre e sempre renovando
Para me dar maiores alegrias.

Dentro em pouco entrarás, ardente e loura
Como uma jovem chama precursora
Do fogo a se atear entre nós dois

E da cama, onde em ti me dessedento
Tu te erguerás como o pressentimento
De uma mulher morena a vir depois.

—  O soneto encontrei aqui, tive que procurar porque não lembrava dele inteirinho.